Explicamos antes que a luz é uma entidade quântica que pode tanto se comportar como onda quanto como partícula, os chamados fótons (não leu? clique aqui). Mas como a luz é transformada no raio laser, com tantas utilidades na indústria (e vários outros setores)?
A forma como são emitidos os fótons é o princípio fundamental do laser. Complicado? Um pouco, mas fascinante também. Esse artigo explica como funciona a emissão estimulada, que diferencia o laser de outras fontes de luz.
Emissão Estimulada
Para entendermos melhor como acontece a emissão estimulada, temos que lembrar da constituição do átomo.
O átomo, como todos sabem, é a unidade básica da matéria. Segundo o modelo atômico de Rutherford – Bohr, dentro do átomo existe um núcleo, de carga positiva, e ao redor dele existem órbitas nas quais ficam os elétrons. Quando um elétron está na órbita mais afastada do núcleo, ele está em um estado de maior energia, ou “excitado”. Quando o elétron está na órbita mais próxima, ele está no estado de menor energia, ou “estado fundamental”.
Quando os elétrons mudam de órbita, ocorre o fenômeno da emissão e absorção de fótons. Albert Einstein, como decorrência do estudo de vários outros cientistas, construiu uma descrição completa dos processos fundamentais e das propriedades do fóton:
↳Absorção
Ao absorver fótons, o elétron acumula energia, e passa para as órbitas mais distantes do núcleo.
↳Emissão Espontânea
O elétron tem uma probabilidade constante de transitar para um estado (órbita) inferior. Quando isso acontece, ele perde energia e produz um fóton.
↳Emissão Estimulada
Quando um elétron excitado (que está na órbita de maior energia e com probabilidade constante de descender para uma órbita de menor energia) recebe a incidência de um fóton, ele libera outro fóton, idêntico ao incidido. Nesse processo, dois fótons são liberados, ao invés de um, como na emissão espontânea.
Parece simples mas, para que um laser funcione, a emissão estimulada deve ser maior que a absorção. Acontece que, segundo Einstein, “Quando a luz incide num conjunto de átomos, a emissão estimulada e a absorção são igualmente prováveis”. Para lidar com isso, seu trabalho foi a fundo para incluir cálculos das probabilidades de transição entre os dois estados e também formas de fazer com que haja mais átomos nos maiores níveis do que em níveis inferiores (de energia).
A descoberta do fóton e da emissão estimulada permitiu a criação do raio laser, de luz coerente e colimada. Essas características permitem a aplicação de energia concentrada por um feixe de luz com diâmetro mínimo. Com as evoluções tecnológicas do laser de fibra, hoje é possível regular o diâmetro e o foco desse feixe facilmente, fazendo com que a luz seja capaz de cortar aço de várias espessuras.
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Referências
- O fotão e a emissão estimulada: dois ingredientes para o laser, Helder Crespo CLOQ/Departamento de Física Faculdade de Ciências, Universidade do Porto (2005)
http://cfif.ist.utl.pt/aif2005/crespo.pdf - Interações e Colisões de Fótons, Website E-fisica
http://efisica.if.usp.br/otica/basico/fotons/interacoes/ - Mecânica Quântica – Formas de Radiação: Emissores de Luz, site Fisica.net
http://www.fisica.net/quantica/curso/formas_de_radiacao_emissores_de_luz.php - Luz: ondas eletromagnéticas, espectro eletromagnético e fótons – site KhanAcademy
https://pt.khanacademy.org/science/physics/light-waves/introduction-to-light-waves/a/light-and-the-electromagnetic-spectrum - Modelo Atômico de Bohr – site Toda Matéria
https://www.todamateria.com.br/modelo-atomico-de-bohr/